terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Aceitação

Sou tímida. Extremamente tímida. Sério. Detesto fazer qualquer coisa sozinha, ir a lugares cheios de pessoas estranhas, falar com pessoas que não conheço. Sou péssima nisso.
Mas a vida é assim e essas situações são inevitáveis, especialmente quando se tem filhos.
Tenho um medo tão grande, tão gigantesco da rejeição que, quando não posso evitar o contato com gente que não conheço ou que não conheço bem, falo demais. Falo muito, falo sem pensar. Me escancaro. E momentos depois me arrependo.
Sair de casa é um verdadeiro martírio. Fazer algo novo é uma pequena morte.
Meu medo da rejeição é tão grande que acabo não estreitando laços como gostaria. Acabo não me aproximando de quem me faz falta.
Acabo me apagando, me anulando. Sabe aquela história “vou ficar aqui no cantinho e me misturar com a paisagem”? Essa sou eu.
Gosto de cantar. Gosto muito mesmo. E não canto tão mal assim. Minha voz não é das piores, tenho ritmo. Mas só canto a noite, pro meu filho. Gosto de dançar. Não dançava mal. Mas agora, com muitos quilos a mais e sem dançar além da sala de casa, perdi a prática. Gosto de escrever. Na verdade, tenho boa parte de um livro já escrito. A história toda já tenho há bastante tempo. Mas só eu sei, só eu vi. Gosto de desenhar. Sempre tive algum talento pra isso – e pinto muito bem, modéstia à parte. Mas, mais uma vez, não acredito em mim e “deixo pra lá”.
Fico pensando. Será que todos os acontecimentos da minha vida, tantas decepções, me fizeram assim? Não consigo ir além daquilo que me é conhecido e seguro.
Mas minha cabeça é caos total. Milhões de ideias borbulhando, desejos de mudança.
Há três anos, quando parei de trabalhar para ficar com o Gabriel, não sabia o que me esperava. Na verdade, acabei me isolando mais, como era de se esperar. Mas nos últimos meses comecei a “olhar para dentro”.
Ando encarando meus medos. Passei a me compreender e me aceitar. Descobri que preciso aceitar minhas escolhas e, assim, passei a respeitar as escolhas dos que estão a minha volta – e dos que deixaram de estar, por alguma razão.

Estou ainda nessa fase de “desintoxicação”, de aceitação. Ainda tenho medo. O mundo ainda me assusta. Mas estou tentando me compreender e me aceitar um pouco mais, a cada dia. 

Um comentário:

  1. Liiindooo! Parabéns Dani! Parece que estava me lendo! Sempre fui extremamente tímida e sempre lutei com isso. Acho que muitas das escolhas que fiz, foi pra ir contra isso, como a facul de publicidade, por exemplo, onde era obrigada a brigar com meus medos. Foi um grande pulo viajar sozinha pra outro continente e isso tb ajudou, o blog foi um pulo monstruoso, porque eu finalmente mostrava meus textos, que só eu lia... Um passinho aqui, outro ali... Estamos traçando caminhos parecidos, Dani, mas tenho certeza que, aceitando e sabendo lutar com isso, chegamos onde queremos. ;) Beijão!

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