quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Cordeluna


Quando soube que receberia o livro Cordeluna, decidi não pesquisar, não ler nada sobre o assunto. Decidi pegar o livro sem qualquer ideia pré-estabelecida. Então o livro chegou. Comecei a leitura e qual foi minha surpresa ao ver que ali estava um período da história que me encanta: a Idade Média.

Confesso que fiquei um pouco preocupada. O livro faz um paralelo entre a Idade Média e os dias atuais.  Mas fui positivamente “fisgada” por esse livro de linguagem cuidadosamente construída. A riqueza de detalhes históricos, hábitos, lugares, vestimenta. Tudo foi construído de forma rica, detalhada.

Cordeluna, que dá nome ao livro, é uma espada que possui em si uma força desconhecida. A história gira em torno de Cordeluna e de dois jovens enamorados, na Espanha do Século XI. Ao mesmo tempo que apresenta a história de dois jovens que se apaixonam, no mesmo lugar, 1000 anos depois, já no século XXI. Enquanto as duas histórias se desenvolvem, também se entrelaçam.

Seria uma pena encher esse texto com detalhes que podem comprometer as surpresas e reviravoltas dessa história incrível e cativante. Mesmo os elementos mágicos, são colocados sem afetação e se encaixam perfeitamente nos rumos da história. A autora fez um trabalho primordial. O livro apresenta dados históricos e a história é capaz de prender. Confesso que li o livro em apenas três dias. Não conseguia parar!

Foi uma grata surpresa!

Cordeluna / Élia Barceló; tradução Catarina Meloni
Ed. Biruta



quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Feliz Natal

O "cheirinho de Natal" já se espalha pela casa. Canela, cravo e gengibre. Como é gostosa essa sensação!
Esse ano foi intenso. Não digo em ações, mas em descobertas. Tive a oportunidade de começar a me compreender. Encarei meu "lado B" (porque todo mundo tem um), me perdoei, deixei de ver certas coisas como erro, passei a me aceitar. 
Tive a chance de avaliar a participação de muitas pessoas na minha vida, e a minha participação na vida dessas pessoas. Isso me fez enchergar e perdoar. Descobri que certas pessoas passam, de acordo com o momento em que vivemos. Outras permanecem. E mesmo essas podem não estar ali o tempo todo. Eu não estou ali o tempo todo. Mas sei que estão ali.
Aceitei e me orgulhei de decisões que tomei nos últimos três anos. 
Pela primeira vez em muitos anos passei mais de um mês longe do meu companheiro. Pela primeira vez na vida subi num avião (desses, "de verdade") e saí do país. E tive a chance de perceber meu filho de uma outra forma. E me senti uma mãe incrível. Percebi que meu lminha mãe é ainda mais incrível do que pensava. E que fala faz meu companheiro do meu lado - não, não é costume, é amor mesmo.
Entendi que esse negócio de "olho por olho, dente por dente" é a maior burrada. Maldade a gente rebate com carinho, com amor, com humildade, com abraço, sorriso, alegria.
Sim, foi um bom ano. Mas ainda de tudo foi a porta de entrada para um período ainda melhor.
Feliz Natal a todos! Muito amor, paciência, humildade, cumplicidade e felicidade!

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Aceitação

Sou tímida. Extremamente tímida. Sério. Detesto fazer qualquer coisa sozinha, ir a lugares cheios de pessoas estranhas, falar com pessoas que não conheço. Sou péssima nisso.
Mas a vida é assim e essas situações são inevitáveis, especialmente quando se tem filhos.
Tenho um medo tão grande, tão gigantesco da rejeição que, quando não posso evitar o contato com gente que não conheço ou que não conheço bem, falo demais. Falo muito, falo sem pensar. Me escancaro. E momentos depois me arrependo.
Sair de casa é um verdadeiro martírio. Fazer algo novo é uma pequena morte.
Meu medo da rejeição é tão grande que acabo não estreitando laços como gostaria. Acabo não me aproximando de quem me faz falta.
Acabo me apagando, me anulando. Sabe aquela história “vou ficar aqui no cantinho e me misturar com a paisagem”? Essa sou eu.
Gosto de cantar. Gosto muito mesmo. E não canto tão mal assim. Minha voz não é das piores, tenho ritmo. Mas só canto a noite, pro meu filho. Gosto de dançar. Não dançava mal. Mas agora, com muitos quilos a mais e sem dançar além da sala de casa, perdi a prática. Gosto de escrever. Na verdade, tenho boa parte de um livro já escrito. A história toda já tenho há bastante tempo. Mas só eu sei, só eu vi. Gosto de desenhar. Sempre tive algum talento pra isso – e pinto muito bem, modéstia à parte. Mas, mais uma vez, não acredito em mim e “deixo pra lá”.
Fico pensando. Será que todos os acontecimentos da minha vida, tantas decepções, me fizeram assim? Não consigo ir além daquilo que me é conhecido e seguro.
Mas minha cabeça é caos total. Milhões de ideias borbulhando, desejos de mudança.
Há três anos, quando parei de trabalhar para ficar com o Gabriel, não sabia o que me esperava. Na verdade, acabei me isolando mais, como era de se esperar. Mas nos últimos meses comecei a “olhar para dentro”.
Ando encarando meus medos. Passei a me compreender e me aceitar. Descobri que preciso aceitar minhas escolhas e, assim, passei a respeitar as escolhas dos que estão a minha volta – e dos que deixaram de estar, por alguma razão.

Estou ainda nessa fase de “desintoxicação”, de aceitação. Ainda tenho medo. O mundo ainda me assusta. Mas estou tentando me compreender e me aceitar um pouco mais, a cada dia. 

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

É preciso ouvir

Criança é legal demais. Sempre nos surpreende. E não adianta subestimá-las. Entendem tudo. Do jeitinho delas, mas entendem.
Em setembro, cerca de um mês antes do Gabriel completar 3 anos, fizemos uma viagem. Não um passeio qualquer. Viajamos daqui para Portugal, na casa da minha mãe e do meu padrasto, para passar mais de 30 dias.
Fomos só nós dois – meu marido ficou aqui, trabalhando.
A situação é seguinte: tenho 33 anos. E essa foi a primeira vez que entrei num avião (teco-teco não conta, né?). E, é claro, a primeira vez que fiz uma viagem internacional.
Ou seja, não sabia o que me esperava e para deixar tudo mais tenso, faria tudo isso com meu filho de menos de 3 anos. Não tinha ideia do resultado daquilo.
Entramos na área de embarque, me vi ali, sozinha com o Gabriel, mala de mão, blusa, “au-au” (cachorrinho de pelúcia dele)... e ninguém para nos acudir se qualquer coisa acontecesse.
Assim que entramos ele começou a choramingar e soltou o temido “mamãe, preciso do meu papai!”. Aí pensei “danou-se! São 35 dias longe!”. Mas ele foi entendendo. Tinha tanta coisa acontecendo, tanta informação.
E, para minha surpresa, o Gabriel ficou quietinho, apenas observando e, é claro, questionando tudo.
Para ir da área de embarque para o avião, precisamos pegar um ônibus. E foi a primeira novidade para ele.
Quando viu o avião dava pulinhos. Achou tudo lindo. Entramos. Sinceramente, não sabia como ele reagiria na decolagem... e mais uma surpresa. Ele amou. Olhava pela janela, ria.
Foi uma experiência incrível. A partir daí comecei um processo de acreditar no meu filho, na capacidade de entendimento e adaptação dele.
Viajamos a noite toda. Ele dormiu praticamente as 9h30 de vôo. Enquanto o avião descia e passava pelas nuvens, ele se divertia. Achou tudo o máximo. Até que olhou pra mim e disse “mamãe... solta minha mão! Tá doendo!”. Pois é, né?
Chegamos em Lisboa. Passa pela triagem, pega bagagem. E ele ali, quietinho.
Saímos e quando viu os avós saiu correndo. A cena mais bonita que já vi. E deu pra ouvir o coro de “oooooouuuunnnn” das pessoas que estavam ali.
Os dias passados lá são um caso à parte. Uma experiência indescritível (mas que vou tentar descrever, num post específico).
Não foi fácil voltar. A não ser pela saudade imensa do marido.
E a volta não foi diferente. Gabriel dormiu, comeu, ficou ali, sentadinho, com fone no ouvido, assistindo desenho. Dormiu quando o avião começou a subir. Dormiu novamente quando começou a descer. Ficou sentadinho do meu lado enquanto pegava as malas.
E todos os meu pesadelos, meus medos foram em vão. Meu filho de quase três anos. Meu pequeno companheiro.
Esse tempo me deu outra perspectiva, me mostrou que posso confiar nele e, principalmente, que preciso ouvi-lo. Ele não é apenas uma “esponja” que está ali para aprender o que tenho a ensinar. Não sou dona, rainha da razão. Ele precisa se expressar e precisa ser ouvido.
Conheci meu filho. E hoje tudo ficou mais leve.


terça-feira, 23 de setembro de 2014

Ela dança. Ela flutua.

Todo mundo, em algum momento, já ouviu a expressão "nunca fiz amigos bebendo leite". Existem muitas formas de fazer amigos, de encontrar pessoas com as quais nos identificamos. E os livros são ótimos "condutores de amizade".
Amo livros. Estou sempre às voltas com pelo menos dois exemplares diferentes. Participo ativamente de cada história e inevitavelmente choro com o fim de cada um deles (não importa o gênero). 
Algum tempo atrás tive o prazer e a sorte de conhecer a Luciana, que tem um trabalho lindo. Vive rodeada de livros!
No dia em que nos conhecemos ela me deu dois livros. Um deles estou lendo agora. O outro já "devorei". E é sobre esse que vou falar um pouquinho: A bailarina fantasma, de Socorro Acioli (Editora Biruta).
O livro apresenta a busca pela história de uma Bailarina Fantasma, que habita o Theatro José de Alencar, em Fortaleza, construído em 1908. 
A delicadeza da linguagem e a riqueza e cuidado com os detalhes dão a sensação de estar ali nos corredores e nas cadeiras do teatro. 
Me senti parte daquela busca. Foi, com certeza, como estar ali.
Recomendo a leitura desse livro como entretenimento e oportunidade para conhecer um pouco mais desse lugar tão bonito e cheio de histórias.
E espero em breve conhecer o Theatro José de Alencar pessoalmente. Livro tem dessas coisas: nos causam uma vontade incontrolável de descobrir o mundo!

"A bailarina fantasma", Socorro Acioli - Editora Biruta.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

O menino e o mundo

Menino levado, não para um segundo!
Acorda já alegre, procurando algo, nem sabe o que. Quer brincar, entender, ganhar o mundo.
Toma, meu filho! O mundo é seu!
Voa entre as nuvens! Sobe a montanha! Toma o castelo! Seja um pirata!
Olha ali um moinho, a casa de pedra! A areia, a chuva, o mar!
Corre, corre, corre. Sobe. Salta.
Como é bom ver seu sorriso, meu filho! Essa sua felicidade!
Menino tagarela. Vai, descobre o mundo! Abraça a vida!
Deu medo? Estou aqui. É só esticar a mão e você me alcança.
Chegou a noite. Depois de tanta alegria, de tanta energia, ainda tentando entender a imensidão do mundo, você dorme. E sonha. E ri.
Dorme, meu anjo, que o mundo é seu.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Brinquedos que inventamos

Não é fácil manter uma criança de 2 anos e 10 meses ocupada o dia todo. Tenho sorte, porque o Gabriel dorme todas as tardes, mas é um rapazinho bastante agitado. E temos que inventar mil coisas: eu durante o dia, e o pai, quando chega do trabalho.
Óbvio que o Gabriel tem (muitos) brinquedos, desses comprados. Mas o sucesso por aqui são os brinquedos que inventamos.
Há muito tempo não jogamos fora aqueles rolinhos de papel higiênico que já viraram “braceletes do poder” e binóculos. Pegamos pedras na rua e pintamos. Criamos monstrinhos de todos os tipos. A parede do corredor está liberada para desenhar (com um giz que, com um pouco de paciência e muita força no braço sai). Um rolo de papel alumínio virou sabre de luz. E as caixas de papelão! Essas são as estrelas da festa! Já viraram castelo, carro, pista para carro.
E o Gabriel tem dois brinquedos que são seus xodós: o escudo do Capitão América e a capa do Superman. Ambos feitos aqui em casa. O escudo ele fez junto com o pai. A capa improvisei com tecido vermelho e um botão.
Daria pra comprar um escudo daqueles lindos, que custam 50 reais ou mais? Sim. Daria pra comprar uma fantasia do Superman, daquelas lindas, que custam 100,00? Claro que sim. Aliás, ele já teve uma.
Mas a ideia é justamente mostrar pra ele que brincadeiras e brinquedos podem estar em qualquer lugar. Qualquer coisa, se vista do ângulo certo, pode virar brinquedo.
E é sensacional ver que isso gera resultados. Gabriel inventa brincadeiras com quase tudo. Consegue ver possibilidades em tudo. E nos coloca nas brincadeiras.
Outro dia saímos e o Gabriel quis levar o escudo. Não me lembro onde estávamos mas um menino mostrou, horrorizado, para os pais “olha, o escudo do menino é de papelão”. Como se fosse algo medonho. E quer saber? Fiquei com pena daquele menino. De verdade. Imagino que ele tenha muitos brinquedos, todos lindos. Mas será que essa criança consegue se divertir com coisas simples? Tenho minhas dúvidas.
Gabriel gosta de tecnologia? Claro que sim. Mexe no celular, possivelmente, melhor que eu. Escolhe o jogo ou a música que quer.
Mas ele não precisa disso o tempo todo.
E é maravilhoso ver – e participar – das histórias que ele inventa. Todos os dias somos super-heróis, personagens de desenhos, animais.


Um conselho: entre na fantasia. Brinque. Deixe fluir. A vida se renova.